O Brasil que lê... ou não

Algumas entidades ligadas ao livro analisaram a recente pesquisa do IBGE sobre o livro e a leitura no Brasil. Algumas conclusões: na média nacional, 40,7% das famílias brasileiras adquirem algum tipo de material de leitura. Gasto com fotocópias é quase o mesmo despendido com livros não-didáticos. Os dados estão na pesquisa “O Livro no Orçamento Familiar”, encomendada por oito entidades ligadas ao mercado editorial: Associação Brasileira de Difusão do Livro (ABDL); Associação Brasileira de Direitos Reprográficos (ABDR); Associação Estadual de Livrarias do Rio de Janeiro (AEL); Associação Nacional de Livrarias (ANL); Câmara Brasileira do Livro (CBL); Câmara Rio-Grandense do Livro (CRL); Sindicato Nacional dos Editores de Livros (SNEL); e Instituto Pró-Livro (IPL). O estudo foi realizado com base na Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF 2002-2003), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgada no final de 2007, e permitiu traçar o perfil do mercado consumidor, por nível de renda, escolaridade, local de compra e outras variáveis importantes. Os dados foram coletados ao longo de 12 meses (julho de 2002 a junho de 2003) e têm uma amostragem de aproximadamente 50 mil domicílios, distribuídos em áreas urbanas e rurais de todos os estados do País.
A pesquisa “O Livro no Orçamento Familiar” comparou a soma dos gastos das famílias brasileiras com material de leitura a outras despesas não essenciais. O valor relativo à aquisição de aparelhos, manutenção e compra ou aluguel de conteúdo (fitas, discos, CDs, softwares, jogos etc) de televisão, som, vídeo, DVD, informática e jogos eletrônicos, dentre outros itens (Grupo 1), foi de R$ 19,303 bilhões, praticamente equivalente à soma dos outros três grupos analisados no estudo. Os gastos com telefonia celular (Grupo 2: compra e manutenção de aparelhos, assinatura e cartões) aparecem em segundo lugar, atingindo R$ 8,816 bilhões; os dispêndios com opções de lazer fora de casa (Grupo 3) chegaram a R$ 6,154 bilhões; os gastos com o conjunto de itens de material de leitura foram de R$ 5,471 bilhões, somando-se o total de despesas com revistas, jornais, livros didáticos e não-didáticos, fotocópias, livros religiosos, técnicos, dicionários, apostilas e bibliotecas.

O gasto médio anual com revistas, por família, chega a R$ 42,00. Com jornais, esse dado é de R$ 17,00, enquanto as despesas com livros não-didáticos é quase quatro vezes menor – apenas R$ 11,00 por ano. O principal item de leitura consumido pelas famílias brasileiras, em todas as faixas de renda e para todos os níveis de escolaridade, é o grupo composto pelas revistas e jornais, que representam, respectivamente, 37,1% e 15,2% do total dos valores despendidos. Ou seja, mais da metade (52,3%) de todo o gasto com leitura destina-se a revistas e jornais. A despesa com livros didáticos representa 19,6% do total – praticamente 1/5 do gasto com leitura vai para livros escolares, de todos os níveis.








Da mesma maneira, o índice de domicílios dispondo de microcomputador passou de 16,6%, em 2001, para 27,4%, em 2007, o que também favoreceria uma eventual substituição da leitura dos “livros físicos” pela consulta de arquivos digitais. Tal possibilidade ainda deve ser confirmada, quando for concluída a próxima POF.

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