De Niezsche a Machado

Uma ideia louvável, cultural e que pode universalizar-se rapidamente. Na plataforma de embarque da estação do metrô Consolação, em São Paulo, está instalada uma máquina de vender livros. Esta é uma de 16 espalhadas por sete estações do metrô paulistano e uma na estação Carioca, no Rio. Começaram a funcionar em 2003 e, segundo a operadora, acabam de alcançar a soma de 1 milhão de livros vendidos. De clássicos nacionais a autoajuda; de obras técnicas (manuais de Excel e matemática) a compêndios sobre pensadores; de livros infantis a policiais, oferecem uma miscelânea.

E, como de quase tudo se vende, compra-se de quase tudo, inclusive muito Nietzsche. O filósofo alemão é o autor com mais títulos à venda, 19, que seduziram 36 mil compradores desde 2004. "Assim Falava Zaratustra" e "Humano, Demasiado Humano" são os best-sellers nietzschianos, 9.000 exemplares de cada um no período. Obras de domínio público, como as de Nietzsche e Arthur Conan Doyle, criador de Sherlock Holmes --e autor mais vendido no metrô--, compõem boa parte da oferta. Há também edições de papel barato e pequenos formatos. Custam de R$ 2 a R$ 10 --a maioria entre R$ 3 e R$ 5. Cada equipamento comporta 280 volumes e são vendidos cerca de 500 por dia --15 mil/mês, 180 mil/ano. Num mercado de 211 milhões de livros por ano (dados da Fipe de 2008), é pouco. Mas às vezes as máquinas alcançam façanhas, como a venda de 3.300 exemplares de "Dom Casmurro", de Machado de Assis, em dez dias, em novembro --o livro estava na lista dos vestibulares da Fuvest, da Unicamp e da PUC-SP. Um potencial best-seller tem, no mercado tradicional, tiragem inicial de 10 mil exemplares, às vezes menos. Se passar por lá... lembra...

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