Reflexão no inverno



Esquenta o Festival de Inverno de Porto Alegre. Depois dos shows de Jorge Drexler e de Soledad Villamil, agora é a vez da antropóloga, crítica e ensaísta Esther Hamburger. Ao invés de música, reflexão crítica. A reflexão crítica pela qual se fez conhecida no livro “O Brasil antenado: a sociedade da telenovela”. A autora discute pressupostos como o conceito de audiência (que supõe uma massa uniforme e acrítica) e a ideia de que a programação é baseada nas demandas do público. Esther lembra que a televisão aberta, oferecendo poucas opções – e muitas parecidas entre si –, limita a capacidade de escolha do público: “Você coloca a culpa na audiência pela falta de investimento em programas de qualidade maior, mais elaborados. Agora, as melhores coisas na TV brasileira foram feitas com risco, já que não se enquadravam no que é veiculado normalmente. Mas acho que é isso que o público espera: coragem de quem detém a capacidade de produzir, de inventar coisas novas”, disse, em entrevista à SescTV. Para Esther, tratar a TV como vilã é simplismo. A autora propõe uma “alfabetização audiovisual” do público, inclusive nos currículos escolares. Os reality shows, segundo Esther, já promoveram boas mudanças na programação televisiva mas devem ser assistidos com cuidado: “Em programas assim, os espectadores rompem o limite que costuma separá-los dos bastidores. Eles se projetam nos personagens e é como se entrassem na tela para interpretar seus dramas”. Atualmente, Esther Hamburger é chefe do Departamento de Cinema, Rádio e Televisão da USP e colabora com jornais como a Folha de S. Paulo.

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