Eleição do espetáculo



Comunicação e democracia. Democracia e comunicação. Mas não se fala aqui só em jornalismo. O Brasil acordou hoje com a ressaca eleitoral de um domingo de votação... o país todo se mobilizou e o assunto de ontem foi um só. Estampado nos jornais de hoje e tema de debates em quase todos os canais audiovisuais, a eleição, o voto, as surpresas e as decepções. Democracia é isso. É o espaço para o inusitado. Aquilo que nem todos querem, mas que a maioria deseja. Da comunista pós moderna que se elege como deputada mais votada do Rio Grande do Sul, Manuela D'Avila, até o palhaço suburbano que se torna deputado com o MAIOR número de votos do país, Tiririca. No primeiro caso seria um anacronismo de escolha de um pano de fundo deteriorado e que se degrada, há tempos nos muros caídos e nas promessas não cumpridas em países e em personalidades? Manuela é o rosto bonito. A juventude reluzente e o sonho desejado numa política esvaziada de muitos sentidos. Tiririca é o retrato do deboche, do protesto contra uma política que "não resolve"... um voto para o espetáculo??? A sociedade espetacularizada, convive com o voto festivo... habemus domocracia... Pior sem ela!

3 comentários:

Renata Arteiro disse...

concordo muito! principalmente na história do tiririca. é um voto de protesto, de um povo cansado..

Jorge Barcellos disse...

A idéia da política como espetáculo evoca a lembrança de Collor, em sua pose atletica e com a obra de Bobbio no braço. Padecimento da política na sociedade de massas, efeito perverso da sociedade de consumo, confusão do público e do privado. Ainda que Manuela não seja apenas um rosto bonito - como de fato é - a questão é como medir a "ajuda" um rosto bonito faz na eleição.Questão sem nenhuma utilidade para nós, ditos intelectuais, mas de força suficiente para as massas, que aliás, nunca como diz Baudrillard, se preocuparam com a profundidade das coisas, mas apenas com as aparências - com o que parece concordar Maffesoli também. Tais autores descrevem o seu funcionamento, e vi outras candidatas, no apelo da juventude lançarem-se a eleição. Numa sociedade de aparências, a grande questão é como não perder a profundidade, questão que deve ser colocada as novas gerações.

Marcos Santuario disse...

Da Muito para pensar, mesmo...