Mídias móveis artísticas



É até este sábado que acontece o Festival arte.mov - Arte em Mídias Móveis, voltado para São Paulo, na quinta etapa de sua edição 2010, na Baró Galeria/ Galeria Emma Thomas, e espaços públicos da cidade. O evento é pioneiro no Brasil ao se dedicar, desde 2006, a um tipo de arte que aponta para o espaço público, incorporando em seus processos questões ligadas à arquitetura e ao planejamento urbano, em um movimento impulsionado por dispositivos móveis como celulares e aparelhos GPS. A programação é baseada no tema “Novas Cartografias Urbanas: Reconfigurações do Espaço Público”, e contempla exposições, mostras audiovisuais, simpósios, performances e atividades paralelas conectadas ao universo do festival, oferecendo um amplo panorama da produção feita com mídias portáteis ao redor do mundo. Bruce Sterling, um dos criadores do movimento cyberpunk, Mark Amerika, diretor do primeiro filme de arte com celulares, as mostras internacionais e pensadores como Paula Sibilia e Raquel Rolnik são alguns dos destaques. “Cinema Lascado” de Giselle Beiguelman, também um projeto comissionado pelo Festival arte.mov, se agrega à exposição a partir do dia 04, quando as atividades do Festival se juntam a novas aberturas das Galerias Baró e Emma Thomas. “Cinema Lascado” usa registros sucessivos do Minhocão para desconstruir sua imagem e recriá-lo como ruído visual, pautado pelas cores predominantes do entorno do elevado. Para isso, a artista capturou diversas situações no Minhocão, selecionou e editou frames capturados em vídeo HD para compor vários GIFs (espécie de intercâmbio de gráficos para dar movimento a uma imagem) inseridos em páginas HTML (linguagem utilizada para produzir páginas na Web). Os diversos documentos da web são exibidos pelo browser Internet Explorer em “meta refresh”, script que atualiza automaticamente a página da internet em determinado intervalo de tempo. Como conseqüência do uso do script, gera-se uma temporalidade instável devido ao movimento entre os GIFs e inúmeros bugs de leitura das animações. Essa sequência é capturada e transformada em vídeo por meio de um software de screen recorder, que grava as imagens de uma tela. A instabilidade do navegador de internet é usada para criar um jogo de saturação e supressão que refaz o olhar e a percepção sobre o entorno e a cidade, o novo e o velho.
Mark Shepard é um dos mais expressivos nomes da arte digital. É dele o “Kit de Sobrevivência na Cidade Senciente”, definido pelo próprio como “artefatos para sobrevivência numa cidade senciente de um futuro próximo”.

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