Nei a vapor


Quem assistiu ao espetáculo mágico de Nei Lisboa em alguma destas segundas-feiras de Janeiro já sentiu que o verão em Porto Alegre pode ter mais do que o de sempre. Com décadas de construções poéticas, análises humanas, e intensas crônicas do cotidiano, a mística do cantautor gaúcho transcende o regional e ancora no global. Olha sua aldeia com a visão universalizada mas nada pedante. Sábia e humilde, Firme e delicada. A sonoridade do conhecido remete a plateia para os melhores momentos deste poeta contemporâneo, capaz de criar vínculos profundos com quem segue a métrica, a estética e a poética de suas canções. É uma deliciosa experiência para os sentidos. Mas se faz mister entregar-se nas viagens propostas pelo artista... transforma a cena beatnik, sem um click. A guitarra de Paulinho Supekóvia é precisa e convida ao melhor dos contornos sonoros. A percussão ritmada e visceral de Giovani Berti sustenta a intensidade das emoções do primitivo ao universal. O baixo de Boca Freire envolve e consolida. Por fim, o teclado de Luiz Mauro Filho recheia toda a festa poético sonora. Não é todo o melhor de Nei que está em cena. Mas, com certeza, tudo que está em cena faz parte do melhor deste artista que orgulha a contemporaneidade da arte... e da vida... Perdeu? Dia 31 é a última chance: duas sessões finais, no Tetaro Renascença.

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