Cinema e Youtube




Foi um acordo inesperado, mas que pode render um belo projeto. No debate “Os desafios da distribuição do audiovisual no Brasil”, que lotou neste sábado o foyer do Theatro de Paulínia, Federico Goldenberg, diretor de parcerias do YouTube Brasil, estava falando dos casos de sucesso do YouTube pelo mundo. Mencionou o projeto americano “Life in a Day” (http://www.youtube.com/watch?v=XMxuocCN1O0) , que mostra um dia na vida de seres humanos do mundo inteiro. Goldenberg fez uma provocação: se algum produtor quisesse tocar uma versão brasileira do projeto, o YouTube poderia entrar como parceiro. José Padilha, diretor de “Tropa de Elite” 1 e 2, topou na hora. “Eu topo produzir se o Marcondes distribuir”, disse, referindo-se a Marco Aurélio Marcondes, seu parceiro e distribuidor de “Tropa de Elite 2”, que fez mais de 11 milhões de espectadores nos cinemas, que também estava no debate.

O diretor do YouTube citou estatísticas atuais o site: no mundo todo, são vistos 3 bilhões de vídeos por dia. Por minuto, sobem 48 horas de vídeo no site (diariamente, isso corresponde a 7 anos). Por dia, 150 anos de vídeo são compartilhados no Facebook.

O cinema na internet

No debate, Goldenberg falou sobre a parceria pioneira que o YouTube fez com o Paulínia Festival de Cinema para lançar o YouTube Cinema (http://www.youtube.com/cinema), portal de divulgação dos trailers, vídeos e curtas-metragens do cinema brasileiro na internet. Todos os curtas exibidos em edições anteriores do Festival já estão no canal; os curtas deste ano também ficam disponíveis no dia seguinte a sua exibição no Festival.

“Cabe ao produtor acelerar ou não a exibição do conteúdo que ele tiver. Nossa experiência diz que, quanto mais forte o conteúdo no YouTube, mais forte ele se torna em outras janelas, como o cinema e o DVD”, afirmou. “Queremos dar um espaço para atingir o grande público, fortalecer as janelas de exibição e proporcionar uma escala de atingir pessoas que não estão indo ao cinema hoje.”

O produtor é quem manda

José Padilha falou sobre o novo modelo de distribuição independente que experimentou com “Tropa de Elite 2” – sem contar com o lançamento de uma grande distribuidora americana. “Nos EUA, as distribuidoras financiam a cadeia produtiva – Warner, Paramount, Sony produzem os filmes que distribuem. Quem corre os riscos são os distribuidores. No modelo brasileiro, os filmes assinam o mesmo contrato, mas quem financia o filme aqui não é o distribuidor (são as leis de incentivo ou investimento do próprio produtor). Ou seja, tem alguma coisa errada com o modelo no Brasil”, falou.

Em suas contas, a distribuidora pode ficar com até 90% da receita, enquanto os produtores levam 10%. Pelo seu modelo, agora a receita obtida com o filme vai para a conta do produtor. “Não estamos querendo mudar a lei. Estamos propondo um modelo novo dentro da lei que existe”, esclareceu ao final.

Distribuição de renda

Marco Aurélio Marcondes, distribuidor com mais de 40 anos de carreira que se associou a Padilha em “Tropa de Elite 2”, engrossa o coro dos descontentes. “A autodistribuição é fundamental porque o fundamental no cinema é o talento. Quem exerce o talento tem direito de ter o resultado do seu trabalho. É um conceito marxista mesmo”, explicou.

Fábio Lima, diretor da distribuidora digital Moviemobz – que já exibiu em cinemas óperas, shows e jogos de futebol – lembrou que os cálculos de distribuição ainda são antigos, baseados nos tráfegos de cópias 35mm, e ainda não foram bem atualizados para o digital – hoje há 350 salas digitais no país. “Este ano, o faturamento de vídeo on demand no mundo já vai superar o de bilheteria de cinemas no mundo”, lembrou

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